quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Palavras desconexas 2


Acordei pensando nisso, depois levantei e já estava pensando naquilo outro. Depois do café da manhã já pensava nos compromissos e no trajeto imaginava como seria o final de semana.

No final de semana, após cumprir as obrigações rotineiras pensei nos planos e projetos e decidi que segunda-feira iria começar.

Na segunda-feira acordei meio tarde e já havia esquecido os planos e projetos a serem iniciados. Comi, bebi, conversei com pessoas estranhas e afins. Dormi para acordar e começar tudo de novo.

Assim o tempo se passou e fui levado pela maré do cotidiano, empurrado pelas ondas do acaso. Coisas e mais coisas diminuíram e outras tantas desapareceram. Escutava MPB, música brega e sertaneja.

De vez em quando umas férias, umas viagens e encontros com pessoas que me fascinavam, mas logo perdiam o encanto. Festas de aniversários e casamentos.

Aquisição de bens e outras tantas coisas que o meu dinheiro comprava.

Alguns filhos, uma esposa e depois disso uma caminhada ora de maneira arqueada outras tantas vezes de maneira altiva.

Conquistas desejadas e depois o suspiro da ansiedade, da impaciência e novamente o comodismo.

Perdas realmente sentidas, separações e novamente uniões. Funerais e nascimentos. Família crescendo e eu na platéia torcendo para mais uma vez terminar e poder correr para o ninho de segurança.

Horas e horas gastas com bobagens. Cérebro adestrado. Costumes aceitos pela sociedade e vontades reprimidas.

Vaidade arrefecida e recrudescida ao mesmo tempo. Hipérbole nos anseios. Procura do nada e novamente a respiração encurtada pelo desejo de respirar corretamente.

Poucas vezes consegui assistir espetáculos da natureza. Porres e mais porres conseguidos com a bebida do devaneio, do ocaso que se tornou a vida.

Suspiro e cenho franzido somente desfeito e desarmado ante a impureza dos carnavalescos e pitorescos, obscuros, impublicáveis atos de orgias feitos entre os neurônios despudorados e cada vez mais retirantes da minha pobre e cansada mente.

Certo dia, sentindo o frio de uma madrugada chuvosa de agosto recordei de uma peça teatral que havia há muito assistido. Era um musical. Neste dia uma amiga segurava a minha mão.

O calor daquela mão adolescente me invadia. Eu tinha por volta de quinze anos, imaginava como seria um contato mais íntimo com ela já que sua mão era tão quente.

Com aqueles pensamentos e com o meu corpo cada vez mais enregelado parti para um mundo astral desconhecido. Tudo era confuso e calmo. Senti enfim, uma paz e vontade de parar de pensar.

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