sexta-feira, 18 de junho de 2010

Liberdade, imaginação, vida e descoberta


Em um dia frio de um inverno intenso, ele caminhou lentamente pela praia, em seus pensamentos habitava um vazio velado, mas intencional, desejava encontrar-se com a paz suprema que ele acreditava existir.

Ele passara a infância toda lendo sobre uma sociedade que atingira a serenidade mental, através da qual ela poderia alcançar quaisquer pensamentos, sensações e serem auto-suficientes.

Seguindo as lições que ele acreditava ter extraído dos antigos relatos, ele buscou a liberdade, para isso olhou para o céu e para o sol, tentou integrar-se com aquele astro que existia desde tempos imemoriais. Pensou em uma frase usada por um sábio, que está na bíblia e a entoou como um mantra : “Tudo debaixo do sol ....”.

Quando ele se concentrou no calor que emanava da sua pele, daquela sensação de transpiração intensa, mesmo com os olhos fechados ele conseguiu ver uma sombra que forçava a luz e a energia do sol a penetrar em seus poros.

Depois de alguns minutos nesse transe, ainda em pé e com os braços abertos, tal como em gesto de crucificado, imaginou que voava por lugares desconhecidos, ficou atento a paisagem diferente, mas acolhedora que se apresentava. Ainda, imaginou nuvens que se transformava em companhia, tal como uma criança desejou ficar por ali.

Mas a vida ele chamou a atenção. Um pequeno caranguejo o despertou. O pequeno ser passou pelo seu pé e o fez abrir os olhos. Abaixou-se e viu aquela criatura transparente encarando-o. Pensou na amplitude da vida, meditou em tudo que é ignorado pelos chamados racionais e sorriu diante de tanta insipiência.

Acabou por descobrindo que a vida já é paz, que a serenidade é aceitação. Ele jamais conseguiria tanto desprendimento outra vez.

Tal como uma âncora enferrujada lançada no passado, ele teve por toda a vida o seu porto seguro naquela experiência que ele mesmo proporcionou.

No final dos seus dias, enquanto era aprovado nesta jornada, ainda se viu de braços abertos em uma praia deserta, banhado pelo sol e com o caranguejo a abraçá-lo pelos pés. Partiu sorrindo, pois sabia que iria viver naquele paraíso antes imaginado e que agora se tornava real.

Um comentário:

  1. Hoje e sempre...perfeitos e emocionantes seus textos!
    Admiração por toda a vida!
    Bjs

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Obrigado. Fica com Deus.