quinta-feira, 10 de junho de 2010

Qualquer coisa maluca

Quando o nada começar a ter sentido é que o tudo está próximo de se encontrar com a sua própria verdade.

Sabe a história do círculo, que dizem que o maior mérito é o de não ter início ou fim? Que a possibilidade de nunca haver a certeza da fixação do antes ou o depois é o que fascina?

A certeza daquilo que está acontecendo sempre será difícil, seus sentidos podem te enganar. Sabe aquela lição de que tudo depende do referencial? Então, uma das versões que atravessaram séculos é de que essa lição não se aprende só nos bancos escolares, mas principalmente no dia-a-dia e nas pedras, que caem das carroças velozes, dos senhores apressados e que açoitam os peregrinos.

É intrigante, mas se de repente você soubesse que toda a sua vida é imaginária? Seria o fim? Um motivo suficiente para se revoltar e se internar em um hospital para doentes psiquiátricos? Talvez. Mas como você saberia se tudo não é novamente obra da tua imaginação?

Outro paradigma da sociedade é que todas as coisas, abstratas ou concretas para serem aceitas, tem que ser “vivenciada” por várias pessoas , a fim de ter credibilidade.

O âmago da questão é que a sua experiência pode de fato não ter importância, se a existência das tuas vivências não forem aceitas. Por exemplo: Se o chefe do teu marido te estuprasse diversas vezes durante uma tarde. E quando você contasse para o seu marido ele tivesse a certeza de que você ficou maluca, porque naquele dia ele e o chefe passaram a tarde juntos? Nesse caso, a tua experiência seria real ou imaginária?

A sua versão, como vítima de estupro seria no mínimo estranha,se o referencial não fosse muito bem delineado, pois como uma pessoa pode estar em dois lugares ao mesmo tempo? Mas foi justamente o que aconteceu no filme “O advogado do diabo”. Se aconteceu no filme não pode acontecer na vida real? Existe até uma propaganda da TNT que diz: “Acontece nos filmes, acontece na vida real”.

Os conceitos que são por todos entendidos são assimilados com naturalidade. No entanto, outros tantos controversos são repelidos e assim permanecem, uma vez que talvez nunca serão estudados, uma vez que não há interesse no seu conhecimento.

Se o papo está muito abstrato, tente imaginar o cérebro de um portador de uma doença psiquiátrica. Tente ouvir os barulhos que ele ouve e enxergar as formas, os borrões e as cores do seu mundo.

É claro que nada disso vai fazer sentido para você, pois o seu mundo é universalmente aceito. Porém o dele, que é especial, nem todos podem comprovar suas hipóteses, nem deitar considerações sobre os improvável real ou imaginário.

A vida é uma tremenda parada em que pode tudo acontecer. O “game over” pode ser só o início de outra vida. E o que chamamos de vida? Um espaço de tempo? Um intervalo do que? Tudo é efêmero e ligeiro.

Bem, a contradição é a regra. Tudo pode estar indo ou voltando. Da próxima vez que acreditar nisso ou naquilo, ou na primeira oportunidade em que ousar a dizer que isso não existe ou que a interpretação desta hipótese é x ou y, ouça ecoar na sua cabeça vazia os seguintes dizeres: Cuidado, isso pode ser qualquer coisa maluca.

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