terça-feira, 8 de junho de 2010

A névoa


Em uma manhã, de um dia frio de agosto o garoto viu algo pouco normal, em um país tropical, aonde as temperaturas não chegavam ao extremo, quando muito elas namoravam perto do zero grau.

Ele olhava por uma janela do sítio, quando de repente surgiu uma névoa perfeita em forma de cavalo que começou a galopar sem cavaleiro.

Em seguida ela se transformou em um grande cachorro e saltava, abanava o rabo e latia sem som em sua direção. Ele acabou por entender aquilo como um convite e naquele frio foi ao encontro daquela aparição estranha.

Quando ele saiu ainda ouviu a mãezinha dizendo “volta já pra cá menino, ai fora você vai ficar doente”, mas ele não ligou muito para as sábias palavras materna, pois já estava de luvas, gorro e grossas blusas de lã.

Em poucos minutos lá estava ele, um menino magricela de dez anos encapotado, no meio de uma névoa estranha e super brincalhona. Ele percebeu que ao se concentrar em um objeto e imaginá-lo imediatamente a névoa tomava aquele formato pensado. Foi incrível, ele ficou horas totalmente absorto pela tarefa de caminhar e dar gargalhadas mudas, junto com a névoa, pela grama molhada do sereno da noite.

Dentro da névoa ele ouvia uma música agradável e não sentia frio, a temperatura era amena, o frio não açoitava o seu rosto e o seu pensamento era alegre e calmo.

O tempo, que ele sempre imaginava ser um senhor de barba muito longa e desajeitado, apressado, ansioso e com uma boca torta para baixo, correu e foi embora. Chegou à hora da despedida.

Antes do que ele desejou a sua mamãe apareceu e lhe ordenou com cara de “poucos amigos” que ele entrasse, pois do contrário ele ficaria de castigo. Imediatamente a névoa sumiu e o frio voltou a assobiar tristemente, como se tivesse sentido profundamente ter perdido a companhia de brincadeira. Ele entrou e foi almoçar.

Com o passar dos anos ele se esqueceu da névoa e da brincadeira, aquela manhã ficou na mala da memória da sua infância.

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