segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um lugar além do psicológico; um lugar real


Preso em um cofre ele cresceu. Andava e com quatro passos o seu caminho encontrava uma parede de ferro maciça, instransponível, sentava-se e suas pernas tocavam no duro metal que completava o retângulo em que era sua “casa”.

Ele aprendeu por um milagre a pensar claramente, digo milagre, pois ele nunca fora estimulado. O seu corpo era sem forma definida, era como tal, um objeto guardado ou esquecido, de tão reservado foi escondido, de tão escondido acabou perdido, de tão perdido foi substituído no mundo.

Entre os seus questionamentos estava como ele surgira, para onde ia, qual era o seu alimento e até quando sua consciência existiria. Dormia e sonhava com coisas estranhas, sem nexo com sua realidade.

Ele não sentia dor, não emitia som, nem sabia como seria um mundo de verdade. Ele vivia no silêncio, na escuridão e não tinha emoções, a ele faltavam elementos essências para a viabilidade da vida, mas ele permanecia intacto no “útero” metálico de alguma parede, de algum prédio vazio, abandonado e com risco de desabamento.

Aonde estaria a mãe? A mãe do menino trancado em um cofre. A mãe do menino que tornou-se um cofre? Ela seria também de metal? Ainda viria buscá-lo? Ah! vida difícil! Mas quantos meninos-cofres não existem por ai a curtirem suas paredes? Talvez um dia o IBGE, com seu "censo" se interesse por essa população, tão fria, rígida e misteriosa.

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