quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

A criança chamada Verbo



A mãe, uma prostituta de rua, era analfabeta e o pai da criança ninguém sabia quem era, nem mesmo a mãe se lembrava da sua fisionomia. Mas, a mãe amava uma palavra que um dia um “cliente” havia lhe falado e explicado o significado, a palavra era verbo.


Esse cliente apareceu certa noite e disse que queria um programa demorado, a moça cobrou um bom valor, com o aceite do homem ela entrou no carro e foram para um motel chique, a moça jamais havia ido a lugar tão luxuoso.


O cliente não queria o sexo, mas tão somente falar, estava demais frustrado por ter sido abandonado pela noiva. Ele queria discutir porquês que a jovem prostituta desconhecia, mas ela deu “corda”, pois o dinheiro seria fácil para ganhar.


O moço falava bonito e ela acabou se encantando pelas palavras e sentiu-se triste por não saber ler nem escrever. Em dado momento da conversa o moço falou por algum motivo, no meio de uma frase solta, a palavra verbo e ela achou o som da palavra bonita. Ela que estava só escutando com ar de interessada, interrompeu e perguntou para o moço o que significava a palavra verbo.


Após uma explicação simplista do moço, de que toda ação seria um verbo, ela ficou ainda mais encantada e decidiu que se um dia tivesse um filho ele se chamaria Verbo.


Naquela maternidade, ao acabar de dar a luz, ao ver os olhos do filho tão esperto, ao ouvir o choro potente do bebê e ao constatar a beleza do pequeno, ela não teve dúvidas. Quando recebeu alta do hospital foi até um Cartório de Registro de Pessoas Naturais e registrou o recém-nascido como Verbo Rodrigues de Souza, filho de Daniela Rodrigues de Souza, sem pai conhecido.


Passada uma semana ela deixou a criança num orfanato. Passado um mês de ter dado a luz, a prostituta, mãe sem filho e ainda moça voltou para o “serviço”. Dentro de si trazia uma certeza: o seu filho honraria o nome que ela lhe deu e faria muitas coisas. Torcia para que ele fosse uma boa pessoa e tivesse uma família decente.




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