quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Um pouco de atenção



Lembrei-me agora, talvez por me achar em situação parecida, de uma senhora que eu conheci há alguns meses. Na casa dos setenta anos e com uma sabedoria impecável ela havia se aposentado como professora, depois de ter sido jornalista. Era contadora de histórias, espírita por convicção e simpática por natureza.

Em uma viagem de volta de um estado longínquo, encontrei esta senhora na sala de embarque. O vôo estava atrasado. O livro que eu carregava já havia sido lido, acabara a leitura naquele instante. As revistas à disposição não eram convidativas. Quando aquela senhora sentou-se ao meu lado sorriu com uma gentileza encantadora.

Fiquei seduzido pelo olhar generoso e na hora resolvi tentar puxar conversar. O diálogo fluiu muito bem. Quem passasse ao nosso lado teria certeza de que éramos amigos de longa data. O interessante foi que a cada dez minutos que ela falava, eu dizia apenas por dez segundos e por minha vontade eu teria até falado menos, pois aquela senhora era de uma sensibilidade extrema.

Tocada pela genialidade de quem aprendeu a ter compaixão, a respeitar o próximo e a viver um dia de cada vez me ensinou muito naquele saguão de um aeroporto moderno. Quando chegou a hora do embarque eu tive nova surpresa, aquela senhora estava no assento ao lado do meu. Pode ter sido coincidência, mas também pode ter sido providência de “instância superior”.

O exemplo de vida é muito importante. Eu me separei do meu avô quando ele tinha cem anos. Aprendi muito com aquele senhor de fala pausada, olhar amoroso e feliz. Meu avô foi embora sem dores, teve falência múltipla de órgãos. Acordou as cinco da madrugada e as seis da manhã partia para o descanso merecido. Era lúcido, andava, ia para a igreja e sempre dizia que Deus havia sido muito bom com ele.

Aquela senhora me fez lembrar do meu avô e digo que tenho encontrado muitos idosos e idosos, anciães que estão prontos para ilustrar um pouco da bondade dessa energia superior que chamamos de Deus.

Bem, vou seguir ouvindo “avôs” e “avós”, aprendo muito com seus relatos. Acima de tudo observo que na vida a verdadeira graça é a saída serena de situações turbulentas, que só existem por conta das bênçãos que recebemos. Meu querido amigo e avô tinha razão Deus é muito bom!




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