sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A conversa entre pescador e mar




E o pescador respondeu:

Eu não quero estar em destaque. Apenas quero poder sumir sem deixar marcas. Pesco para comer. Faço sexo com minha namorada para me satisfazer. Urino e defeco, sou uma usina podre. Vivo lutando para manter em pé uma carcaça condenada a reciclagem, que chamo de cadáver ainda não amadurecido. Tenho esperança, mas ela está bagunçada, hoje diria que ela está sendo novamente convidada a voltar a interagir.

Mar, a sua piedade me enoja, suas lições são inócuas, velhas, sem fundamentos ou prosperidade. Faz quanto tempo que venho aqui, admiro a sua vastidão, mas você é um preso, uma imaginação utópica do Criador, um ser materializado que deverá sumir nos próximos milênios. A sua história é compilada, pois é a junção de muitas outras.

A paz que você procura é efêmera. Nasce do comportamento, das condutas e das atitudes dos seres que habitam os planetas. O estopim para a violência, a guerra, o desamor e a prostituição é que se deseja mudanças de comportamentos sem explicar o porquê de mudar-se.

Sabe mar, talvez hoje eu deixarei a sua área, pois quero algo novo, mais estimulante, você me dá rotina e preciso mudar, sentir-me vivo....e talvez menos fraco.

O mar ficou forte, a maré subiu e o pescador jogou fora o filtro do cigarro, havia acabado mais um companheiro fiel das suas pescarias.

E o mar respondeu:

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