domingo, 30 de outubro de 2011

ADEUS


Os dois discutiram muito. Mas, agora ele chorava e pedia para ela não fazer isso. Ela inflexível dizia que não havia como perdoá-lo. Era fim da linha. Ele, com os olhos cheios de lágrimas pedia mais uma chance. Porém ela sorria tristemente e balançava a cabeça negativamente. Ele, naquele instante, a achou mais linda e o seu coração doeu um pouco mais. Ela então, disse que escrevera para ele.... Colocou a mão no bolso, sacou um papel pequeno, em forma de um quadrado, que ao ser aberto, revelou-se uma folha de caderno. Havia um poema, mais ou menos assim:

Acabou a luz do meu sorriso por você,
Seja meu amigo, meu colega ou minha lembrança,
Deseje-me ou apenas ignore o meu aceno,
Acabou minhas censuras, conselhos e tentativas,
Gastei como você muita borracha, agora parto,
Acusa-me de intolerante, mas sua indecisão matou o meu amor,
Amor, que aprendi a desenvolver com seu toque seneno, próximo e sedutor,
Há tempos me conquistaste, mas pouco a pouco me abandonou,
Talvez sem querer, mas magoaste meu coração,
O beijo que me negas há tempos, o carinho que me furtas,
O abraço sem energia e a sua indiferença me jogaram fora da sua vida,
Ainda vou admirar o seu jeito sério, educado e pronto para ajudar,
Porém, eu não vou mais te esperar, isso é um adeus ensaiado,
Escrevi, apenas para não esquecer de dizer que não te amo mais. Seja feliz.

Quando a moça terminou de ler, as lágrimas haviam secado nos olhos do moço. Ele apenas levantou-se, deu as costas para a moça e saiu, estava leve, triste, mas em paz, pois ao escutar aquelas duras palavras havia decidido a ser feliz. Caminhou com certa graça. Ela observou ele sumir no horizonte. Pegou o celular, procurou o nome do agora ex-namorado e apagou da agenda. Secou com as costas das mãos duas lágrimas que teimaram em rolar. Virou na direção oposta que partira o ex-amor e foi embora para a sua casa. Eles voltariam a se ver na meia idade. Porém, ele fizera questão de não olhar nos olhos dela. Seria preciso, muito mais do que os anos para apagar aquela frase que tanto desequilíbrio causou em sua vida: “não te amo mais”. A dor do desamor calou fundo em seu ser. Ela se casou e foi muito feliz, teve filhos e um ótimo esposo. Ele não se casou, foi um profissional medíocre e terminou os dias em um asilo público, cercado de desconhecidos. Foi enterrado em cova rasa, sem ser velado. Após cinco anos até o sepulcro perderia e seu nome ficaria apenas gravado em um livro velho, do cartório de registro de pessoas naturais da cidade em que nascera. Essa história aconteceu há muito tempo...

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