domingo, 11 de dezembro de 2011

Minha memória e meu adeus


Consegui viver meus dias muito bem,
Decidi tudo com muita calma,
Nos piores momentos nunca fui além,
Respeitei, orei e cuidei da minha alma.

Nasci sem luxo, no sertão,
Meu lar foi caloroso e de ensinamento forte,
Deus me deu mestres e um irmão,
Agradeci sempre e aceitei minha sorte.

Casei-me antes do meu pai falecer,
Quando isso aconteceu levei minha mãe e meu irmão para deles cuidar,
Minha mãe adoeceu e logo veio a perecer,
O meu irmãozinho cresceu e sozinho foi morar.

Deus também o ajudou e uma profissão ele aprendeu,
Casou-se bem, porém não teve filhos, nem adotou,
Ficou rico, sua terra muito rendeu,
Mas, em um acidente na rodovia a sua vida se findou.

Eu tive cinco filhos, todos eles machos,
Cada qual se virou e todos aprenderam a honestidade,
No mundo de Deus hoje estão em seus cantos,
A minha rainha, no último parto morreu e dela tenho muita saudade.

Moça direita sorria muito para o meu deleite,
Amei-a desde menino e dela nunca me cansei,
Acordava e dormia com ela em minha mente,
Só depois de casado que eu a beijei.

Nossos dias juntos foram muito bonitos,
Nunca brigamos. Faltou uma vez para ser a primeira,
E esse foi um dos nossos grandes feitos,
Porém, respeito Deus e sei que ele tem a sua maneira.

Essa é minha história,
Estou velho, indo ao encontro da minha amada,
Quando eu tiver partido cuide bem da minha memória,
Eu já não estarei aqui, mas ficarei grato se ela para sempre for lembrada.

Um abraço meio trêmulo e um beijo meio errante,
Nunca se esqueça de agradecer a Deus e de aceitar a sua sorte,
Um aperto de mão e um sorriso vacilante,
Finalmente lembre-se de VIVER, pois ninguém escapa da morte.

Adeus, para sempre uma alma grata ao Criador,
Que comigo foi bondoso,
Um aceno que morre sem dor,
E um ósculo bem gostoso.

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