O jeito mineiro de falar, devagar, compassado, dando ênfase
às idéias de um mundo melhor, mais humano, próximo e caloroso. Este homem tem a
capacidade de ser útil e isto é uma manifestação da centelha divina.
Ele pensa na melhor idade, na idade em que as forças
abandonam e a experiência vai até a casa da lembrança para dar forças ao
sorriso. Ele presta a sua colaboração no Asilo São Vicente de Paula e sonha com
um projeto que dignificaria ainda mais os homens e mulheres que chegassem à
velhice.
A vida de um ser um
humano é acompanhada da oportunidade de fazer o bem. A empatia de se colocar no
lugar do outro nos faz ser mais serenos e amigos. Com o passar dos anos, vamos
sendo arrostados pela realidade do quão fugaz é a vida. Tudo passa tão
rápido...
Este mineiro de Bueno Brandão compartilhou comigo um dia
destes, entre um salgado e outro, um sonho, que me fez sonhar com ele. A
possibilidade de fazer um condomínio para a melhor idade, desta maneira ele
chamou o sonho de construir uma vila só para idosos.
Imaginem! A satisfação de reunir os idosos em casas, em um
condomínio. Seria muito bonito. Os pessimistas já iriam dizer que só ricos
ficariam neles, mas eu ouso a continuar o sonho e acreditar que seria possível
abrigar a todos que assim desejassem, sem levantar a questão financeira.
No “Condomínio da melhor idade” as casas seriam brancas, bem
construídas. As calçadas seriam largas e
bem cuidadas. A cada sete metros e meio haveria vasos com flores, das mais
diversas espécies. Porém, haveria orquídeas e manacás da serra. As ruas seriam
limpas e sem trânsito. Os idosos estariam acompanhados de jovens, que seriam
profissionais cuidadores.
No meio do “Condomínio da melhor idade” existiria uma igreja.
Esta igreja seria de mármore, com vidros escuros. Um gramado verde se
estenderia por todo o seu entorno. Não haveria na igreja qualquer identificação
de igreja tal ou tal. Apenas, existiria na fachada uma inscrição: “Casa de
Deus”.
Os cultos seriam apenas de orações espontâneas, sem rituais.
Os grupos de convicções próprias poderiam usar e fazer suas celebrações.
Haveria respeito às crenças e um forte direcionamento para a busca da
religiosidade sem a religião.
No lado oposto ao da igreja existiria um salão enorme para as
festas. Em todas as festas as pessoas do “Condomínio da melhor idade” seriam convidadas. Os aniversários seriam
lembrados. O amor e o carinho diários iriam abraçar a todos os moradores.
Quando chegasse a hora da partida, tudo estaria bem. O choro
seria silencioso, mas não haveria grande pesar, pois o entendimento de que a
morte é tão natural quanto o nascimento já estaria arraigado nos corações
idosos.
Que sonho lindo este do “Condomínio da melhor idade”! É
possível realizá-lo, basta olharmos mais para nossos irmãos idosos e fazer como
este mineiro, que é um barbarense de coração e por direito, pois foi agraciado
com um título de cidadão barbarense: sonhar e trabalhar, dando a sua
colaboração.
Um dia seremos idosos (com a graça de Deus) e, caso o
“Condomínio da melhor idade” exista, como um direito universal a todos, teremos
a benção de nos despedir do mundo felizes, por saber que a dignidade de uma
“passagem” amorosa foi concedida a todos. Amém.
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Obrigado. Fica com Deus.