sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O desconhecido


Oh! Pecado, porque não foges de mim e procura outro corpo para habitar! Pensou o grande doente de alma. Reconhecia sua podridão, o lado obscuro dos teus pensamentos ratificados por teus gestos, atitudes e conduta, bem longe de serem ilibados.

Sempre auto-suficiente se perdeu no caminho. Sofreu, mas não se importava, pois acreditava ser temporário o seu infortúnio. Ledo engano, somente carcomido pelo tempo implacável foi que suspeitou da sua cumplicidade para sua própria morte.

Num pranto sufocado lembrou-se do ontem, quando tudo poderia ter sido diferente. Pensou numa plantação e comparou-a com sua vida.

Pensou no preparo da terra, no semear e depois na colheita. Sua vida em princípio havia sido uma terra fértil, houve semeadura, mas devido o abandono não houve colheita, os frutos apodreceram e a terra voltou a ser somente terra.

Depois de tanto tempo voltou para lá, onde antes havia um campo verdejante se via agora tão somente o nada e parecia que o sol queimava imensamente a terra, como se dela tivesse raiva. Era como se fosse um castigo para ele impingido na terra, por ele ter sido negligente.

Fechou os olhos e sonhou. Ah! Como teria sido diferente se tivesse abraçado ao invés de se afastar do abraço. Em um vagar pelo labirinto de sua memória lembrou-se daquela jovem senhora que um dia lhe falou de Deus.

Ah! Deus! Pensei eu, quem és Tu? Senão, como diria o filósofo; “uma manobra para enganar e controlar os incautos”. Hoje reconheço como eu estava errado. Não peço perdão, apenas peço que me transpasse com sua fúria, me despedace o corpo e que os meus pedaços sejam tragados por um destes tantos buracos negros existentes no espaço sideral.

Venha chuva de espinhos e crave o meu corpo. Agora que perco a vida, preciso aprender a lição. Sua mente parou de trabalhar e ele se viu no nada.

Neste momento todos naquele mosteiro se calaram. A presença daquele senhor encontrado nas montanhas não podia mais ser sentida. Ele havia partido.

O lama guia pego suas ervas, velas e produziu fumaça. Começou assim a orientar o espírito daquele homem que havia sido encontrado na floresta e que sem forçar para abrir os olhos acabava de morrer.

A função daquele lama tibetano, segundo suas crenças, era guiar o desconhecido para a morada celeste até ele renascer em algum canto do Cosmo.
O corpo daquele pobre desconhecido foi jogado no penhasco ao som de um mantra, entoado pelos lamas, que exaltava a vida.

Um comentário:

  1. Olá grande escritor, creio que Deus, desde o ventre de sua mãe lhe concedeu dons maravilhosos e um deles é a grande sabedoria em colocar as palavras.
    Sei que hoje, amanhã e sempre, terão pessoas lhe acompanhando e lhe admirando.
    Você alegra a vida de muitos ao seu redor, mesmo sem saber.
    Desejo a todos que são leitores do seu blog, uma ótima semana!
    Um grande abraço e continue escrevendo....
    Para todos nós: (Isaías 41: 17;18)

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Obrigado. Fica com Deus.