O seu sorriso é fácil, mas tão fácil quanto o seu sorriso é a sua capacidade de empinar a carroça, mas nem por isso falo de um cavalo ou de outro equino qualquer, falo de uma senhora, que de todos zela com suas habilidades de mulher.
Caso ela tivesse nascido há um século e meio seria uma escrava, mas com certeza ela não iria morar na Senzala, acabaria por certo na Casa Grande, junto dos senhorios.
No ano em que o Barak Obama venceu as eleições no EUA e mostrou ao mundo a sua esposa, os amigos da personagem da história rapidamente vendo a semelhança começaram a chamá-la de Michele Obama.
Michele Obama, a nossa, brasileira da primeira ponta de raiz do cabelo até a última caspa do dedinho do pé esquerdo reside em um bairro comum de classe média. Há anos trabalha numa mesma empresa e está perto de ganhar carta de alforria.
Após muito esforço e uma vida dedicada a uma causa a Sra Obama vai enfim para casa. Acredito que o seu lugar jamais será preenchido em nossos corações.
A nossa personagem parte em meio a uma grande comoção, pois o povo não sabe, ainda, como será a continuidade dos trabalhos, uma vez que a sua substituta, por ela escolhida, pesa cento e doze quilos e tem sessenta anos. A pergunta que fica no ar é se a bicicleta da Obama tupiniquim irá aguentar a nova vovó do samba.
Pode ser que toda esta saída, esta despedida que parte os corações e as mentes de todos seja apenas uma jogada de marketing, apenas para que ela volte triunfante.
Até consigo vê-la com os faróis apagados retornando do ostracismo, sua blusa amarela, sua calça jeans, seu sapatinho baixo e a sua bicicleta roxa e cinza dobrando a esquina, fazendo todo o povo, que até então estava entrevado se levantar de suas poltronas e dizer com o peito aberto e lágrimas nos olhos : Yes, we can!
Por enquanto são só suposições, mas na arena da vida sabemos muito bem que ninguém é eterno e que as separações alteram a rotina e a rotina é que garante a permanência do medo do novo, do desconhecido. Adaptações são traumáticas.
Bem, continuemos firme, as pálpebras teimam em tremer, querendo liberar todas as lágrimas represadas, limpamos a garganta do pigarro que insistem em balançar na campanhia da goela e gritamos em alto e bom sonho um refrão de uma música a tempos esquecida, mas que na sua época embalou paixões, como essa que sentimos: “eu nunca mais vou te esquecer, meu amor”. Vai com Deus cara amiga.
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