sábado, 17 de julho de 2010

Palavras desconexas 7


Cante uma canção que eu não conheça. Fale com uma entonação que nunca ouvi. Escreva um poema que jamais pensei que viria de você. Deixe-me e afaste-se como nunca fizeste. Esqueça as más vontades. Cruze os braços para a pressa e sente-se sob o luar. Divague e parta para sonhos diferentes.

Diga-me o que sentes quando retornares das tuas voltas no entorno de si mesma. Invente uma melodia. Decore algumas frases, algumas piadas. Conte um desejo para um confidente. Esqueça dos paradigmas. Seja espontânea e esteja outra vez leve.

Perdoe mais rápido do que pensaste em condenar. Pergunte ao vento e receba a resposta da luz. Esqueça a coincidência. Entenda que uma inspiração que tiveste jamais será a mesma que terás em outros verões. Releve a falta do saber, pois o importante é usufruir o bem, entendê-lo já é parte do tédio.

Respire fundo quando sentir-se sentado em roda, com os braços dados com pessoas desconhecidas e cujo dialeto lhe é estranho. É questão de voltar a ser criança e aos poucos deixar de fazer cara de dúvida insanável.

O abraço apertado e o beijo demorado trocado só foram importantes pela reciprocidade. Esqueça a escravidão. Ela foi abolida por uma lei do império. E acreditem, muitas pessoas estão livres. Porém, outras tantas se encarceram por si mesmas e hoje se encontram querendo uma carta de alforria, sem darem conta que isso não é preciso. Basta para tanto, arrumar os panos velhos e caminhar em frente. Caso queira poderá dizer adeus sem grande entusiasmo ou com grande verve.

Batuque tambores. Chute pedras, latas e caixas de papelão. Seja comportado. Caminhe sem vacilar. Perto é o dia em que voltaremos a nos ver. E ai, arestas precisaremos dobrar, conformar ou simplesmente extirpar.

Por favor, sem realeza. Tal atitude ajuda incontáveis e embaraçosas cenas de facilidades, antes mesmo de uma união se formar.

Depois de tudo se não tiveres entendido nada, coloque a cabeça para fora da janela e ouça o barulho do vento, que te convida para um novo e mais profícuo dia, onde poderá realizar suas esperanças e encher o peito de alegria.

Mudar a direção sempre vai dar certo, se não for para achar um caminho melhor, será para se complicar mais pouco, mas dizem que no caos se alcança a ordem, então talvez também seja verdade que na bagunça menor existe um propósito

Bem, o meu momento vai chegando, preciso me despedir, ainda existem alguns planetas e outros astros menores para visitar e não posso frustrar quem me espera, mas mesmo que você não saiba e ainda que deteste a ideia, eu preciso confessar que te achei.

Eu te achei em um lugar comum, nada de muito sofisticado. Estavas em uma casa simples, mas limpa. Vestias um vestido bonito, roxo e justo em teu corpo. Quando cheguei mais perto me olhaste sem sorriso e com um pouco de incômodo. Então, decidi passar outra hora.

O teu relógio é um objeto sem serventia, mas o meu é veloz e me impinge limitações. Quando ajustares o tempo e o dia não for de algo e a noite de outra algo talvez possamos contar ou protagonizar histórias mais longas.

Levanto-me e sem olhar para trás te deixo outra vez no banco frio de cimento de minha memória. Parto com passos firmes para o que vem antes do sono, desejo chegar em tempo de poder me alegrar com o espetáculo das coisas simples e que centenas de milhares de vezes já olhei sem dar muita importância. Porém, hoje será diferente, sigo mais compenetrado e meus pés estão mais próximos do chão.

Até já, em qualquer lapso, em qualquer memória, em outro aperto de mão, em outros abraços e em todos os sorrisos verdadeiramente formados.

Um comentário:

Obrigado. Fica com Deus.