terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Uma sociedade talvez ideal


Os dias são bons, as pessoas têm potenciais para a excelência, e a Terra é o lugar das oportunidades. Os amigos estão esperando para serem conquistados, os amores espreitam, e a família deseja a confraternização.


Observando o quadro de avisos, depara-se com as melhores notícias que poderiam ser contadas: as faculdades estão lotadas, a evasão escolar diminuiu, os profissionais da educação formal são valorizados.


A paz é companheira do dia e da noite. O país vai bem, obrigado. As viagens são acessíveis, e o lazer é sempre possível. Os barzinhos, as lanchonetes e os teatros são frequentados por quem assim desejar. O dinheiro desapareceu; apenas há crédito.


A criança tem infância. Os computadores e demais brinquedos eletrônicos foram relegados a uma posição menos prestigiada. O trânsito ficou civilizado, e as pessoas trocaram seus veículos por bicicletas. As ruas ficaram amplas, e as sinalizações deixaram de ter sentido.


As discussões nos lares acabaram. A paciência habita no coração das pessoas. A humildade sempre é conselheira. A solidariedade é um arauto, que anuncia a espiritualidade da sociedade vindoura.


A censura é termo arcaico, desatualizado. A violência nunca mais foi praticada. As pessoas vivem em perfeita harmonia. O adolescente não aborrece. Os erros foram minimizados, e agora não há padrão, dogma ou estereótipo. Os braços estão enganchados em outros braços.


A urbanidade é palpável. As gentilezas são as únicas moedas de troca. O desejo aflora na medida certa e não incomoda. Os remédios industrializados perderam espaço; agora a natureza fornece a cura em folhas, matos, sementes, frutos, etc.


O sorriso é uma constante. O choro ficou como opção para o excesso da alegria. As coisas estão em seus devidos lugares. Há calma, a ansiedade foi esquecida, e todo o ser humano entendeu qual é o maior objetivo da vida: apenas viver, sem se preocupar com o depois, mas nem por isso há irresponsabilidades.


Os julgamentos morais foram silenciados. E, caso alguém ainda julgue, o produto desse julgamento não é dividido. As mágoas, a ira, o rancor, o desespero e a tristeza desapareceram silenciosamente. A vida deixou de ter limitações.


A expectativa de vida está em torno dos cem anos. Inexiste mortalidade infantil. As mortes ocorrem, mas ninguém fica triste, pois todos sabem por que elas acontecem. Com o vento, vêm bons pensamentos. Com a chuva, vêm boas energias. Com o sol, vem a esperança. Com a lua, vem o entendimento. Com as estrelas, vêm os sonhos, e, com o sono, vêm a idade, a história e a força.


Os alimentos são “saudáveis”. Os produtos químicos não são mais utilizados nas lavouras. As empresas deixaram de produzir em larga escala. A produção da comida é artesanal. A fome deixou de ser um problema.


As pessoas dizem que a sociedade está ideal, e ninguém ousa discordar. Há música no ar, e a satisfação é refletida nos espelhos. O mundo está “maduro” e agora há carinho, companheirismo e comprometimento.


Enfim, todos se cumprimentam, acabaram as maldades, o homem despertou suas capacidades e agora só faz o bem ao próximo. O mundo caminha, e o dia de amanhã não pertence mais ao acaso, mas sim à certeza de que tudo dará mais uma vez certo, e assim sucessivamente, até a consumação da própria ideia de eternidade.





Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado. Fica com Deus.