quarta-feira, 18 de maio de 2011

Roberto Carlos



Eu acredito que todas as áreas do conhecimento tenham seus ícones. Todos os segmentos produzem mestres, ídolos e estudiosos que valem a pena ouvir e ver, ainda que o assunto seja de pouco interesse. O entusiasmo deles faz a gente se encantar.


Esses dias, enquanto eu fazia qualquer coisa no computador, ouvia Roberto Carlos cantar no Youtube. Sua voz gravada há décadas ecoava, trazia poesia e uma melodia simples, mas que sempre me fascinou. Porém, uma amiga que passava ouviu a canção e torceu o nariz, em uma expressão de contragosto. Achei graça!


Roberto Carlos é indiscutivelmente um vencedor, milionário, simplesmente um gênio da música. Ainda que muitos torçam o nariz para suas canções, ele ainda arrasta multidões em shows pelo mundo. Sua fórmula é previsível, mas ele é um sucesso em todos os aspectos e tem uma história bonita e sofrida. Nasceu talentoso e acreditou que poderia dar certo.


Eu ainda era criança quando ouvi pela primeira vez a música que Roberto Carlos fez para mãe, “Lady Laura”, e fiquei com ela vários dias na mente. Procurei outras músicas e aos poucos descobri histórias musicais que me fizeram pensar muito nas coisas, na vida e nos sentimentos. As músicas tinham uma nostalgia que me levava a refletir e a produzir bons pensamentos.


Anos mais tarde, eu assisti a várias histórias sobre o “Rei” e também as li. Acabei ficando fã de um tipo de música que, quando eu nasci, já estava bem inserida na cultura brasileira. Acabei ficando fã do Roberto Carlos, pelo jeito carismático, único e talvez pela emoção com que canta suas tão conhecidas canções.


Quando eu nasci, Roberto Carlos passava dos quarenta anos e neste ano de 2011 completou, em abril, setenta anos. Ele parece impregnado de eternidade e ainda parece que sempre estará cantando pelo mundo. Ele já se tornou “imortal”. Muito tempo depois de ele partir, sua voz ainda ecoará dos rádios modernos e das tecnologias atuais. Do vinil ao Blu-Ray, Roberto Carlos estará nas residências e nos carros até o dia em que repousará definitivamente no museu.


No ano de 2009, quando meu avô fez cem anos, a família se reuniu e, no almoço, foi passado um vídeo com fotos de diferentes épocas. No fundo musical, Roberto Carlos cantava “Meu querido, meu velho, meu amigo”, enquanto meu avô, um senhor centenário, chorava pelas doces lembranças trazidas. Todos também se emocionavam, tocados pela simplicidade daquele senhor de aspecto bondoso e por uma canção tão apropriada.


Escrevo sobre alguém que o Brasil já “dissecou”, com seus acertos e detalhes, que encantou gerações e ainda encanta. Fez muitas pessoas viverem fortes emoções. Cantou para muitos casais. Embalou bailes, sonhos, fantasias e “viagens”.


Suas músicas são excelentes. Podem até dizer que os arranjos e que as partituras são pobres, podem criticar a voz anasalada, mas duvido que surja alguém capaz de sobreviver artisticamente de maneira tão brilhante como Roberto Carlos.


O repertório é vasto. Muitas músicas ele até esqueceu que um dia gravou, mas: “Quando”, “Além do horizonte”, “Cama e mesa”, “Detalhes”, “Força estranha”, “Luz divina”, “Nossa Senhora”, “Lady Laura”, “Meu querido, meu velho, meu amigo”, “Quando eu quero falar com Deus”, “Outra vez”, “Proposta”, “A distância”, “Olha”, “As canções que você fez para mim” e muitas outras são ótimas para se provar um pouco de uma verdadeira obra de arte.


Enfim, Roberto Carlos é um grande mestre da música. Ainda que não sejamos seus fãs ou admiradores de sua obra, o conhecemos, pois ele é um produto raro, de extrema competência.


Que outras gerações possam ao menos ouvir suas canções, sem preconceitos e com o ouvido atento de quem deseja ir a uma época que não vivemos e que apenas conhecemos dos livros, dos filmes e de histórias familiares.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado. Fica com Deus.