sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cadáver adiado


A imortalidade é possível, tal qual é possível o improvável. Fora da realidade tangível reside o sonho, que é sonho até os meios serem apontados e os traços delineados. O real pode ser a capacidade do homem em transformar pensamentos em objetos, bem como outras inúmeras ações. A capacidade de enxergar o que não existe é manifestação da criatividade.

A ingenuidade é pureza do espírito. A maldade é podridão, fede e produz toda sorte de exclusão, principalmente a de convivência social. A maldade isola, prende sem algemas, sem grades e enterra sem peso. A ingenuidade com a maldade não se conversam, podem até se avizinharem, mas não se confundem aos olhos serenos, que detidamente avaliam situações, fatos e pessoas.

Na vida, há caminhada, parada e admiração. Os jovens almejam primeiro. Os experientes sorriem e seus corações lhes dão dicas valiosas. As crianças são rapidamente contentadas ou irritadas. Porém, o sorriso de todos é uma dádiva, comunicação ideal entre almas, corações, desejos e atitudes.

Quando o homem se volta a uma reflexão simples sobre o seu caminho reconhece a sua fragilidade e inevitavelmente chega à conclusão de que é um cadáver adiado. Ganhamos tempo a cada amanhecer, toda noite deitamos e algumas pessoas se indagam se as luzes outra vez se acenderão.

A gratidão em um bom dia, acompanhado de um sorriso é combustível para as invertidas que nossas vontades sofrem. Submetemos e somos submetidos diariamente aos caprichos alheios. Sofremos, regozijamos e no final acaba-se a tinta e a mão que movimentava a pena silenciosamente se abaixa.

Em todos os lugares onde há vida também há amor, capacidade e serenidade. A paz reside na aceitação, que deve haver mesmo antes de um ato radical, como é o combate de peito aberto. Como será que os soldados em uma trincheira em plena guerra se sentiam? Primeiro aceitavam e depois, caso fosse preciso, entregavam as suas próprias vidas, estavam resignados, e viver só valia a pena se adquirissem o “algo” pelo qual lutavam.

No cotidiano especulamos, agimos e vivemos. No final da nossa jornada, quando entregarmos nossos corpos para o universo, seja através do desfazimento na terra fria, queimados até virarmos cinzas em um crematório, no mar ou em uma explosão catastrófica em pleno ar, teremos por sinal construído uma história e ela talvez valha a pena ser contada. Você jamais saberá enquanto está existindo se está agindo bem, tem somente uma noção do correto, do adequado, das convenções, paradigmas e dogmas sociais.

Bem, o melhor de tudo é seguir o coração e viver de acordo com a sua consciência, ninguém pode te fazer de bobo, enquanto você não se sentir bobo. A vida é sensibilidade. História escrita as pressas no urgente percurso do agora.

A jornada é efêmera. Mas se olharmos para dentro de nós mesmos conseguiremos sentir felicidade e continuarmos sendo pessoas agradáveis, se não para todos pelo menos para aqueles que nós amamos e que verdadeiramente nos amam, sejam familiares ou amigos. A vida é muito boa, basta apreciá-la pela sensibilidade da gratidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado. Fica com Deus.