terça-feira, 8 de novembro de 2011

Vida e sabedoria



A frieza do tempo impede muitas ações bonitas. Acredito que gestos generosos são pensados e não executados. Os carinhos por deixarem de ser priorizados se esfriam e desaparece o afeto. Nesta seara tão grande de afazeres do cotidiano, a impessoalidade se torna regra aos da casa e a diplomacia com estranhos vai acontecendo. Ao desconhecido a cortesia, a pessoa amada o pedido de espera. E de tanto esperar, adormece o desejo, escapa o sonho e acontecem as partidas.


Os lares vão se transformando em pousadas. Os almoços em família, cada vez mais difíceis, acontecem aos sábados ou aos domingos, quando o trabalho, os “amigos”, o lazer e outros “compromissos com o relaxamento da tensão”, permitem. A intimidade se percebe, tornou-se menos íntima e vai sendo mais enfadonha, busca-se o ar e novas aspirações.


Os planos, antes cheios de energia, passam a serem meras lembranças, sem a mesma vivacidade são deixados para depois, o tempo passa e agora as metas estão envelhecidas e relegadas a uma gaveta funda da memória. Perde-se o entusiasmo e a rotina abraça os cérebros menos joviais e agora, mais urgentes de uma felicidade utópica, gelada e impossível buscam um aceno da sorte. A vida passa, mensagens subliminares e outras expressas são processadas no cérebro. O aviso urge: “você morrerá então se apresse em fazer o que lhe dá prazer”.


Por outro lado, a serenidade, moeda de ouro e chave para a paz de espírito, está quase sempre depois da curva do hoje, na esperança de um amanhã distorcido. A beleza do dia significa fardo. O peso, sentido, vivido, reclamado e invencível, que dobra boas almas está na mente e não nos ombros, no coração ou na energia que se desperdiça com atos frívolos, adiáveis e gelados.


A ânsia do amanhã, o hoje desinteressante, as igrejas lotadas e vazias ao mesmo tempo, bem como a falta de discernimento roubam o pouco que se tem de perseverança e quase sempre aparecem doenças, desconfortos e sentimentos contraditórios. Esses sentimentos são como sonhos, onde o correr, o bater e o voar acontece em câmera lenta, sem intensidade e com gosto de fantasia.


A aceitação das bênçãos, dos infortúnios e dos “nãos”, além da religiosidade e da espiritualidade, nesses dias que se atropelam ou que atropelamos estão em baixa, sobra vaidade, ego e necessidade do acalento. Deseja-se atenção, solicita-se um abraço, cobra-se uma oportunidade, mas quando vamos ser contemplados já partimos há tempos. Acreditamos que a espera não seria conveniente ou que de fato nada daquilo que esperávamos aconteceria. A fé fraqueja e o corpo como zumbi procura a sua “tribo”.


A vida é conto ligeiro. Talvez, essas percepções sejam apenas pensamentos soltos ou decorrentes da sabedoria acumulada pelas pessoas, tal como disse o rei Salomão, em Eclesiastes capítulo 1°, versículo 18, “porque na muita sabedoria há muito enfado, e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor. Quem sabe? Bons pensamentos e fiquem com Deus.

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