Ali deitado imóvel, olhos
fechados, pensamento voando, apenas memórias e reflexão vazia. A importância
não mais importava. Lá fora o vento estava forte e açoitava uma porta qualquer.
O lugar onde ele se encontrava era inóspito, impróprio e abandonado.
Desejo arrefecido. Doce amargo.
Canseira despertada e ultrapassada. A normalidade restabelecida. Do sonho o
despertar. No baile da vida a música para sempre pausada. Triste comédia.
Lágrimas que não rolavam. Mãe que
negou a mão ao filho. Paixão que nunca houve. Escrúpulos para a demagogia.
Brincadeira sem graça. Perdão sádico. Sobras de um jantar que fora adiado.
Contradição. Silêncio
desconfortante. Brilho de ódio, que logo parte. Devaneio. Esquizofrenia.
Palavras aquém do momento. Abraço separado. Infelicidade compartilhada.
História construída. Bastidores desconhecidos.
Imaginação medrosa. Anseio
gigante. Luta que não compensou. Ingratidão que grassou. Dor que passou.
Cicatriz que ficou. Encontro que não se desejou. Desolação. Medo combinado com
angústia. Aceno que morreu sem piedade, abrupto e maldoso.
Sorriso torto. Vontade do que se fantasiou.
Realidade que assaltou o pobre e dele levou tão somente a esperança. Os dias
correram. Os capítulos foram lidos e decorados. O fim do fim.
Simples e puro. Desprezo do
mundo. Despedida do que houve. Arrependimento e corrida em busca daquilo que no
livro da vida constava e que o senhor chamado destino, equivocadamente, disse
que tinha reservado. Aplauso surdo. Eco gritante. Olhos secos, rasos e sem
vida, devidamente guardados dentro das pálpebras.
Abandono de si mesmo. Desculpas
que agora não importam. Mudança que se carrega em poucas malas. Falta que pouco
se sente. Sentimento traduzido. Rua sem saída. Melodia sem harmonia.
Partida e chegada. Recomeço.
Perda que assimilada causou estrago. Poeira sacudida. Alma lavada. Firmeza de
raciocínio. Sucesso efêmero. Saudade. Isolamento sentido. Meditação e
aconchego. Loucura e mediação perdida.
No entardecer da própria idéia.
Na comunhão dos pares. Na régua do destino, a límpida certeza de que o bem fica
e apenas o amor permanece.
Paz na própria razão. Tirania da
soberania. Direção ajustada e outra caminhada. Futuro que não se cruza com o
presente do passado. Adeus, que lentamente se tornou em nada. Intimidade
partida.
Beijo assoprado. Recordação
deixada. Escrita desgastada. Comida negada. Bocado devorado. Preservação e
pouco tino. Até logo e braços abaixados. Outra vez a plantação e votos de boa
sorte na próxima colheita. Até que o universo mude e as leis se alterem.
Enfim, lembre-se que o óbvio é
apenas a pobre impressão que nada trouxe, mas que muito levou. Abraço e até a
próxima estação.
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