quarta-feira, 6 de março de 2013

A velhice



O branco absoluto lhe tinge os cabelos,
A solidão é uma companheira imprópria,
O que está no alto já não comanda,
O coração já se desvencilhou de qualquer vaidade,
As vontades já não precisam de autorização.

Os sonhos adormeceram para sempre,
A sua companheira está longe das vistas,
Foi levada para a eternidade,
Os filhos foram absorvidos pelas angústias dos dias,
Os netos voaram e não mais retornaram.

Ao dormir as roupas foram abandonadas,
Outras vestes serão experimentadas,
As luzes da ribalta se apagaram,
As lembranças se confundem,
A memória está vazia.

O cão morreu de velhice,
O branco da pele está ficando acinzentado,
O amor, agora é apenas uma vaga lembrança,
O adeus é consequência,
Há inversão de tudo que um dia brilhou.

Uma urna funerária,
Uma sepultura tradicional,
Enfim, a recompensa
Do plano, da audácia e do desejo,
Outra vez a visão se apaga.

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