“A minha vontade não era mais
sábia do que a minha generosidade, e as minhas ações eram dignas. Eu era uma
pessoa responsável no meu trabalho. A minha família e meus amigos me admiravam.
Eu era feliz, tinha um futuro promissor e a possibilidade de fazer o bem. O
caminho estava livre para a realização dos meus sonhos, e a minha esperança era
imensa.
Contudo, em um instante, no
deslize de um gesto impensado, num copo com cerveja gelada, em uma dose de uísque
e de outras bebidas quaisquer, acabei cedendo e bebendo. Apenas o instante
importava, pois era festa, o bar e os colegas faziam parte do momento. Eu
duvidei de que, enquanto eu estivesse dirigindo, aquela bebida pudesse prejudicar
meus reflexos.
Eu dizia que a lei seca era severa
e tal. No entanto, nem ligava para as estatísticas divulgadas. Eu nem
sabia que trinta por cento dos acidentes de trânsito são causados por ingestão
de álcool, que cerca de trinta e cinco mil pessoas morrem em decorrência
de acidentes de trânsito e que a singela ingestão de dois copos de cerveja
poderia triplicar o meu tempo de reação.
Bem, era chegada a hora de eu ir
para casa. Eu me despedi de todos do bar e parti para o meu veículo. Ele era
novo, estava tudo em ordem com sua mecânica e com o documento, mas não comigo. Em
uma estrada, no meio do caminho, eu dirigia muito rápido, e o improvável, o
inimaginável aconteceu: outro automóvel apareceu sem que eu visse de onde havia
surgido.
Eu não percebi, pois estava sob o
efeito de álcool, que, embora não estivesse embriagado, meu reflexo estava
lento. O outro condutor estava certo, seguia com a mulher e dois filhos, pois iam
visitar parentes no interior de São Paulo. Ele dirigia defensivamente e tinha
escolhido viajar durante a madrugada por ter menos trânsito na estrada. Ele não
havia bebido nada alcoólico. A colisão foi frontal, com mortes instantâneas: a
do condutor do outro veículo e de sua esposa. Eu os matei e deixei seus filhos
órfãos.
Eu cometi um erro qualquer
enquanto dirigia e não tive o tempo de reação adequado para evitar aquela
tragédia. Ah, o arrependimento! Se eu pudesse voltar atrás, deixaria de ser tão
egoísta! Agora já foi, e a prisão, caso venha, será o de menos, pois será
suportável, mas a minha alma está angustiada, e, embora eu não tenha sofrido um
arranhão sequer no acidente, tenho certeza de que estou morto, pois é imensa a culpa
que atinge o meu espírito. Enquanto eu existir, aquela triste imagem bailará em
meus olhos, pois eu tinha o dever de me cuidar e deixei de observar o risco.”
Este relato foi por mim imaginado,
mas inúmeros casos semelhantes a este acontecem diariamente, basta verificar
nos jornais. Lamentável! Uma pena! É preciso adotar os cuidados especiais que a
vida exige, bem como ter reflexões serenas e um otimismo responsável. Enfim, vamos refletir, uma vez que causar
acidente de trânsito é permitir a desvalorização da vida. Ajude! Não beba se
for dirigir, pois você fazendo a sua parte deixará o trânsito mais seguro.
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Obrigado. Fica com Deus.